Em Capitão Enéas, três integrantes do MST são baleados em conflito de terra

Dois homens foram presos e uma arma apreendida pela Polícia Militar

Géssica foi baleada na perna e socorrido até o
hospital da cidade
(G1) Dois homens, de 31 e 24 anos, e uma mulher, de 24, foram baleados na manhã deste domingo (9), em consequência de um conflito de terra em uma fazenda no município de Capitão Enéas, no Norte de Minas. As vítimas fazem parte do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da região e, conforme as primeiras informações, elas não correm risco de morrer. Segundo a Polícia Militar, dois homens que trabalham nesta mesma fazenda, de 31 e 45 anos, foram presos e conduzidos à delegacia para prestar esclarecimentos. Duas armas foram apreendidas.

Em nota, o MST afirmou que os sem terra foram vítimas de uma emboscada e que foram "recebidos a tiros por pistoleiros" na sede da fazenda. "Os militantes do MST se dirigiam para uma reunião, por volta de 7h30 da manhã, chamada pelo administrador da Fazenda, quando foram surpreendidos por vários jagunços. Os feridos relataram que o próprio latifundiário estava dirigindo sua Hilux enquanto os pistoleiros atiravam continuamente de cima da carroceria. Uma das vítimas relatou que se trata de uma emboscada e que os 300 Sem Terra presentes estavam desarmados", disse o movimento, em um comunicado divulgado na tarde deste domingo.

A integrante do movimento Géssica Thaís Gonçalves de Freitas, de 24 anos, foi baleada na perna. Ela conta que o sobrinho dela, de 12 anos, levou um tiro de raspão no rosto.

“O atual dono nos chamou para ir a uma reunião hoje pela manhã. Antes de chegarmos à cancela, alguns homens que estavam com ele em uma caminhonete começaram a atirar. Nós ainda tentamos falar com eles que estávamos indo em paz, mas os homens continuaram atirando. Outros dois colegas do movimento nos socorreram. Meu sobrinho levou um tiro de raspão, mas está bem”, detalha.

Ao G1, a integrante do movimento informou que os ocupantes do MST estão na fazenda há três meses. Renato Pereira dos Santos, que também integra o movimento na região norte-minera, disse que vai cobrar do INCRA e de outros órgãos uma resposta sobre o ocorrido. “A gente não esperava por uma barbárie desta. Mas estamos organizados e vamos continuar lutando pela terra. Vamos cobrar do Ministério Público, Governo e Incra, que também é responsável pelo acontecido. A gente percebe uma morosidade por parte do Governo para resolver os conflitos agrários”, explica.

Representantes do Governo do Estado e da Casa Pastoral da Terra estão no local para apuração dos fatos. Até a publicação desta matéria, o G1 não conseguiu falar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e com o responsável pela fazenda.

650 famílias acampadas
A Fazenda Norte América foi ocupada em janeiro pelo MST. Segundo o movimento, a fazenda tem 3 mil hectares e era improdutiva. O grupo afirma que, atualmente, há 650 famílias acampadas no local.

Eles alegam também que as terras foram adquiridas pela Soebras em um leilão, devido a uma dívida da fazenda com um banco federal. O movimento alega que a Associação não pagou o valor da compra e que apenas parte das terras é utilizada para a criação de cavalos de raça.

Em janeiro, a Soebras negou que ela ou os fundadores da associação sejam os proprietários da Fazenda Norte América. Ela afirmou que a fazenda possui convênio com a Soebras para as aulas práticas dos cursos de Medicina Veterinária e Zootecnia. A Associação disse também que, atualmente, a fazenda é uma propriedade produtiva e possui dezenas de funcionários.

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