Bocaiuva: Vereador ficava com metade dos salários dos funcionários

O vereador Gilmar Antônio Cardoso, que é denunciado
(Foto: Paulo Brandão)

(Por Paulo Brandão) Mais um escândalo político em Bocaiuva: na sexta-feira passada uma ex-funcionária da Câmara Municipal, cuja identidade é mantida em sigilo, denunciou à Polícia Civil o presidente da Casa, Gilmar Antônio Cardoso, de irregularidades em diárias e, ainda, de ficar com a “metade” do pagamento dos servidores, que eram obrigados a dividir o salário com quem o indicou. No transcorrer da atual legislatura, foram várias denúncias desse esquema e agora houve o agravante da oficialização através da servidora, contratada por Gilmar, em julho deste ano. De acordo com a ex-funcionária, ela ficou incomodada quando Gilmar falou que ela teria também de dividir o 13º salário e o acerto de final de ano.

A moça disse em seu depoimento que expôs ao presidente a sua insatisfação e que o alertou de que tal atitude era ilegal. Porém, foi ignorada por Gilmar. A gota d’água para a denúncia, segundo ela, foi quando o vereador-presidente determinou que fossem lançadas três diárias de viagens a Brasília, em nome dela, no valor total de R$ 2.400,00 e repassar a ele o montante. O problema é que não ocorreu a viagem. A moça disse à Polícia que se recusou a participar do esquema e, por isso, foi exonerada. Ela registrou um Boletim de Ocorrência, quando citando o esquema para desviar os recursos públicos.


O acusado Gilmar Cardoso é vereador de primeiro mandato. Ele foi eleito em 2012 pelo Partido Progressista (PP), com 250 votos e, apesar da sua votação baixa, o mesmo se beneficiou do chamado coeficiente eleitoral ou da legenda partidária, foi o mais votado em seu partido. Gilmar Cardoso assumiu a presidência da Câmara Municipal de Bocaiuva de forma muito tumultuada. Ele venceu a eleição da Câmara em dezembro do ano passado, após uma manobra em que abandonou sua bancada, indo para outra, com a condição de ser o presidente. Na época, o grupo adversário não aceitou a manobra e abandonou o recinto antes da votação. Ficaram apenas sete vereadores, que escolheram Gilmar como presidente para o exercício de 2016.

O grupo adversário também não considerou válida a eleição e liderados pelo vereador Ronildo Andrade, impediu a entrada de Gilmar na Câmara e realizaram, por conta própria, outra eleição, que desta vez elegeu “Carlily Amiguinho”. Com o impasse, a disputa para quem iria comandar o legislativo local saiu da esfera política e foi para a judicial. Enquanto isso, Carlily assumiu a presidência de fevereiro a junho, quando uma ordem judicial o obrigou a sair do cargo, retornando a presidência a Gilmar, que terminou o mandato.

Sobre as denúncias, o presidente Gilmar Cardoso garantiu que não praticou os casos denunciados e os documentos comprovam isso. Ele afirma que existem várias contradições no depoimento da moça e que todos os papéis, contratos e licitações da Câmara estão à disposição da Polícia e também da Justiça. Gilmar também relatou que assim que ficou sabendo da denúncia se apresentou à polícia, espontaneamente, porém, segundo ele, o delegado Leonardo Diniz dispensou o seu depoimento naquele momento para ser prestado em data posterior, ainda não definida.

Perguntado sobre a razão das acusações feitas pela ex-funcionária, Gilmar disse que se trata de uma vingança, pois ela tinha problemas de relacionamento com os colegas de trabalho e que o clima dentro da casa legislativa, segundo ele, estava muito ruim com a presença dela. Gilmar disse que por a isso exonerou a então servidora e, irritada, ela resolveu se vingar, atribuindo, ao mesmo, acusações, as quais ele considera infundadas. O presidente tentou minimizar o fato dizendo que a ex-funcionaria se precipitou, mas que sua inocência será provada na Justiça.

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