Presos por roubo de carga causaram prejuízo de R$ 500 mi por ano, diz PC

Policiais com um o líder de um dos grupos criminosos
(Foto: Michelly Oda / G1)
(G1) Um prejuízo que pode chegar a R$ 500 milhões. Segundo a Polícia Civil este era o valor das cargas roubadas por duas organizações criminosas durante um ano na BR-251, na região de Salinas, no Norte de Minas. Os assaltantes foram alvos da operação "Ratos de Pista", realizada nesta segunda-feira (22), em Curral de Dentro (MG), Santa Cruz de Salinas (MG), Governador Valadares (MG) e Pedra Azul (MG).
Seis pessoas foram presas, quatro por mandado e três em flagrante. Foram detidos Zelineide Rodrigues de Oliveira e Tadeu da Silva, líderes dos grupos, além de Luciano Cardoso e Derlânio José da Cruz. Também foram cumpridas 20 ordens judiciais de busca e apreensão e três de condução coercitiva.
“Os valores destas cargas eram sempre muito altos, não existia nenhum que fosse inferior a R$ 100 mil. Havia roubos nos quais o valor de uma única carga transportada chegava a R$ 5 milhões”, fala o delegado José Eduardo dos Santos, que coordenou a operação. Os criminosos tinham como foco produtos perecíveis de alta liquidez, como alimentos e eletrônicos.
A Polícia Civil chegou até as duas organizações depois de investigar um assalto a uma cerâmica de Salinas em dezembro de 2014. A partir da identificação de um dos suspeitos, foi possível fazer a ligação com os roubos de cargas na BR-251. Segundo o delegado, os assaltantes agiam há cerca de cinco anos e praticavam até quatro crimes por semana.

Giroflex e remédios sem nota
Durante a operação, a PC apreendeu cerca de R$ 9.400 em dinheiro e um cheque de R$ 9.870, além de joias, relógios, celulares e uma câmera. Duas armas e quatro carros, que provavelmente foram usadas nos assaltos, também foram encontrados. A polícia investiga se os veículos foram modificados.
O que chamou a atenção da polícia foi um giroflex de luz vermelha, encontrado na casa de Zelineide Rodrigues de Oliveira. “Uma das nossas equipes localizou o dispositivo, que é usado em viaturas descaracterizadas da polícia. Suspeitamos que eles usavam o equipamento para forçar os motoristas a estacionar, para cometer os assaltos”, explica o investigador, Leandro Vieira Lima.
Ainda na casa de Zelineide Rodrigues foram apreendidos produtos de higiene pessoal, como diversos pacotes de fraldas da mesma marca e escovas dentais. Em outro imóvel dele, aparentemente abandonado, foram encontrados vários brinquedos. Na farmácia dele, a perícia encontrou remédios de uso controlado sem nota fiscal, ao consultar o número do lote, foi constatado que os medicamentos eram de uma carga que havia sido roubada.

Violência
As investigações demonstraram que os criminosos sempre usavam armas e mantinham as vítimas em cárcere privado durante os roubos. Algumas vítimas disseram que eles vestiam coletes à prova de balas. De acordo com o delegado José Eduardo, o modo de agir nos assaltos apurados era sempre o mesmo, até a quantidade de tiros disparados nos caminhões era idêntica, três.
“Desde o primeiro crime apurado foi identificado o uso de arma. Inicialmente eles chegavam no caminhão e mandavam motorista parar, no decorrer do tempo a violência foi progredindo, eles chegaram a usar armas longas, atiravam contra a cabine. Com medo, o motorista parava, nesse momento eles faziam a abordagem, mantinham o motorista em cárcere privado, muitas vezes na própria cabine, assumiam a direção ou levavam para um local adequado onde era feito o transbordo da carga”, diz.

Desdobramentos
A partir das prisões, a PC acredita que os receptadores das cargas roubadas podem ser identificados, há informações de que os produtos eram distribuídos em Minas Gerais e São Paulo.
“Essa rodovia federal é a única via de escoamento entre as regiões Sudeste e Nordeste, ou seja, todos os caminhões que transportam mercadorias passam por ela, nunca houve uma intenção ou objetivo de se coibir essa prática, que é o roubo de cargas. Esperamos que com a operação essas organizações sejam desarticuladas e em um longo período não sejam registrados crimes como estes”, finaliza José Eduardo.

Crimes
Os envolvidos podem responder por crime de roubo majorado, com causa de aumento de concurso de pessoas, uso de arma de fogo, cárcere privado e organização criminosa.

Posicionamento dos envolvidos
O advogado de Zelineide Rodrigues e Luciano Cardoso não quis se manifestar, alegando que não tinha analisado os autos, os demais não foram localizados.

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