Unimontes de Janaúba desenvolve técnica de reaproveitamento de efluentes de esgoto na irrigação

Em tempos de seca e escassez hídrica no Norte de Minas Gerais, o pesquisador da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) Silvânio Rodrigues dos Santos e sua equipe estão entre os mineiros que usam o conhecimento e a criatividade para o aproveitamento de resíduos líquidos e sólidos de sistemas de tratamento de esgoto na agricultura.
Eles testam o efluente sanitário em cultivos agrícolas, como disposição final da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Janaúba, região semiárida. Em uma área experimental, além do cultivo do abacaxi com o aproveitamento do lodo de esgoto, são feitos plantios de feijão, banana, milho, algodão e abacaxi com o uso do efluente sanitário, que fornece nutrientes e parte da água às lavouras via sistema de irrigação localizada.
“A água que sai da Estação de Tratamento de Esgoto, apesar de conter baixa carga orgânica, possui elementos muito importantes para as plantas (caso do nitrogênio, fósforo e potássio) como também elementos que podem ser prejudiciais às plantas e alterar o solo (caso do sódio, cloro, cádmio e chumbo). Por isso, a água pode atender parte das exigências nutricionais das plantas, sem impactar o meio ambiente, quando for utilizada de forma racional, podendo reduzir consideravelmente os custos de produção das lavouras. Outro aspecto relevante é o atendimento parcial das necessidades hídricas das plantas, via esgoto”, esclarece o pesquisador.
No Brasil, a agricultura irrigada ocupa 6,7% da área plantada e responde por 20% da produção de alimentos. Em Minas Gerais, a área com uso de irrigação é de 600 mil hectares. "Não podemos deixar de mencionar a necessidade do correto manejo da irrigação nas culturas, sobretudo em região semiárida, independente da água utilizada", frisa o professor.
A indisponibilidade da água na região semiárida influencia diretamente nos setores da economia como a agricultura irrigada, na qual exige maior demanda de fontes hídricas. Por isso, o uso agrícola de efluente sanitário tem sido uma alternativa inteligente para a destinação final dos resíduos líquidos dos sistemas de tratamento. “A ideia é evitar que este efluente retorne ao rio, com o lançamento de poluentes”, explica Silvânio.
O superintendente de Desenvolvimento Agropecuário e de Silvicultura, da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Lucas Rocha Carneiro, defende que a escassez hídrica pode ser mais bem controlada pelas inovações tecnológicas resultando na economia de até 30% da água utilizada. “A falta de chuvas atinge principalmente a agricultura de sequeiro (milho, por exemplo). O problema que afeta mais a produção de grãos, na realidade, é o aumento da temperatura, fator ligado ao aquecimento global”, comenta Lucas. Atualmente, dos três milhões de hectares de grãos cultiváveis em Minas Gerais, menos de 10% são irrigados.


Adubos e nutrientes
Atualmente, existem inúmeras possibilidades de combinação de fontes de nutrientes, disponíveis em diferentes formas, a serem adicionadas ao solo. O uso de fontes orgânicas, combinadas ou não com fontes minerais de nutrientes, permite a otimização dos sistemas de manejo das culturas, exploradas dentro de critérios econômicos e ambientais.
“Os resultados das pesquisas sobre o aproveitamento dos efluentes do tratamento de esgoto sanitário na agricultura são altamente satisfatórios. Os efluentes podem ser usados para adubar as lavouras, sem comprometer o solo e sem degradar o meio ambiente”, observa o professor. Segundo ele, a nutrição de plantas é um dos fatores de grande importância na condução de uma agricultura equilibrada, em termos ambientais, e viável do ponto de vista econômico.
A pesquisa é desenvolvida em Janaúba pela Unimontes, pelo curso de Agronomia e o programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal no Semiárido, em parceria com a Copasa. Os estudos são realizados numa área de um hectare próximo à ETE da Copasa.

Produção nas áreas irrigadas de Minas

- Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste: café, milho feijão e soja

- Norte de Minas: frutas e hortaliças

- Sul de Minas: morango

- Região Metropolitana de Belo Horizonte: hortaliças

- Em diversas áreas do estado: pastagem


Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

Fonte: Agência Minas

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