Ruy Muniz proibirá carroceiro de trabalhar em Montes Claros

O carroceiro Paulo Roberto dos Santos teme perder fonte de renda
(Por Luis Carlos Gusmão) Os carroceiros serão extintos em Montes Claros e proibidos de circular pelas vias urbanas, conforme decisão anunciada pelo prefeito Ruy Muniz, durante a audiência da CPI de Maus Tratos de Animais da Câmara dos Deputados, realizada ontem de manhã no auditório da Câmara Municipal. Ele explica que, atualmente, cinco mil carroceiros atuam na cidade, sendo muitos deles com dupla função, pois são servidores públicos e militares. Muniz pediu apoio dos vereadores que compõem a “Bancada Largatixa” para aprovar o projeto, pois alega que não teme os danos eleitorais da sua decisão. A sua decisão provocou reações, com a promotora de meio ambiente, Aluízia Beraldo Rodrigues, pedindo equilíbrio e o professor da UFMG sugerindo outras opções.
O que surpreendeu foi a postura do prefeito para impressionar o deputado Ricardo Izar, único parlamentar visitante: antes da reunião ele se reuniu com o deputado Ricardo Izar, da CPI de Maus Tratos Animais e com a promotora Aluízia Beraldo, quando discutiu a construção da Clínica Veterinária em Montes Claros e mostrou que isso era um verdadeiro presente de grego para Montes Claros, pois gastará R$ 70 mil para fazer a construção e R$ 600 mil por ano para custear a clínica. Porém, no discurso aberto, homologou a licitação da obra e, ainda, a contratação de duas clínicas particulares por R$ 1 milhão para castrar quatro mil cachorros, ao custo de R$ 250 cada.
Com o anúncio do fim dos carroceiros, Ruy Muniz compra mais uma briga. No ano de 2013 ele bateu boca com os lavadores de carro na praça da Matriz. Depois brigou com entidades de classes, por causa, da iluminação natalina. Ampliou ao atacar a Maçonaria, médicos, dirigentes de hospitais e mais recentemente o Ministério Público e Polícia Federal. No caso dos carroceiros, em 2013 mandou emplacar todas as carroças, em medida que não deu efeito. Muniz, ainda, alega que até agora os carroceiros não foram impedidos de circular pelas ruas da cidade por serem fortes e os políticos temerem o impacto eleitoral. Os vereadores da “Bancada da Largatixa” que estavam no recinto balançavam a cabeça, concordando com o prefeito.
A promotora de justiça, Aluízia Beraldo Ribeiro, entende que todo projeto deve buscar o equilíbrio, dando uma cutucada no prefeito. Ela salienta que a Curadoria do Meio Ambiente se preocupa com os oito mil cães e gatos que estão abandonados nas ruas da cidade, e que uma das soluções é o controle populacional. Salientou o avanço na lei municipal, pois, antes de 2014 permitia a eutanásia de animais apreendidos que estivessem com boa saúde. No caso dos maus tratos, ela lembra que, realmente, os carroceiros são causadores dos maiores problemas, mas, existe necessidade de equilíbrio e com muitas outras opções. Também falou sobre as rinhas de galo.
O professor Délio Rocha, da UFMG, lamenta que o prefeito Ruy Muniz tenha buscado a radicalização, pois, afirma que os cinco mil carroceiros sustentam 25 mil pessoas com sua profissão e se perderem essa fonte de renda, criarão impacto social. Ele ofereceu uma opção há vários meses, mas sem a Prefeitura se manifestar: criar os “carros de lata”, com bateria de oito horas de duração, nos moldes dos existentes em Cascavel e Foz do Iguaçu, no Paraná.
O carroceiro Paulo Roberto dos Santos, de 57 anos, ao tomar conhecimento da iniciativa do prefeito, foi enfático “não tenho como sustentar minha família, formada por oito pessoas”, ele vive da carroça nos últimos 30 anos, depois de sair da profissão de servente de pedreiro. Residente na Vila Mauricéia, ele entende que essa iniciativa empurrará muitas pessoas para a criminalidade. Garante que não maltrata seu animal, pois depende dele para sobreviver. Cita que cobra R$ 15 a R$20 por carreto, tirando uma média de R$ 40 por dia.

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