Preocupados com barragem de rejeitos de Riacho dos Machados membros da imprensa visitam mineradora

Representante da mineradora apresentando a localização de
um marco e um piezômetro (Foto: Ivo Júnior)
Tanque de tratamento para reutilização
da água da barragem de rejeitos (Foto: Ivo Júnior)
(Por Ivo Júnior) O acidente ocorrido na barragem de contenção de rejeitos da Mineradora Samarco em Mariana, que destruiu povoados e deixou diversas cidades do estado de Minas Gerais e também do Espírito Santo sem abastecimento de água potável, levantou uma questão que há muito tempo estava esquecida.  A questão de fiscalização e segurança nas barragens de mineradoras por todo o país.
No norte de Minas a situação não foi diferente. Como é do conhecimento de todos existe entre os municípios de Riacho dos Machados e Porteirinha a Mineradora denominada “Mineração Riacho dos Machados”, empresa subsidiária da empresa canadense Carpathian Gold que tem em seu ramo de atividade a extração de ouro. O fato da atividade mineraria gerar rejeitos é necessário que se faça uma barragem de contenção para o armazenamento dessa matéria que é descartada depois da separação do minério comercial. A barragem de rejeitos da MRDM está localizada as margens do Ribeirão Piranga que em seu curso natural deságua no rio Gorutuba próximo ao perímetro que ele encontra com o lago da represa do Bico da Pedra que abastece Janaúba e Nova Porteirinha; com isso criou-se um clima de medo sobre a população das duas cidades que passou a temer que algo parecido pudesse ocorrer também aqui na região e inviabilizasse além do consumo humano a economia dos dois municípios.
Diante da preocupação da população e também da falta de informações por parte da direção anterior da empresa, diversas vezes foi abordado à necessidade de se fazer uma visita as dependências da mineradora para averiguar o grau de risco que o empreendimento oferecia ao meio ambiente da região.
No último dia 26 de novembro foi montada uma comissão de vereadores da cidade de Janaúba liderados pelo vereador Adauri Cordeiro e alguns técnicos e estiveram visitando a mineradora para conhecer de perto a situação. Na visão dos vereadores e técnicos a barragem de rejeitos em questão é muito bem estruturada e não oferece risco a Janaúba e Nova Porteirinha.
Para acabar de vez com a preocupação da população, nesta quinta feira, 03 de Novembro, a reportagem da Rádio Onda Norte FM, representada pelo editor Ivo Júnior  em companhia do Repórter José Ambrósio Prates, da Rádio Torre FM, esteve realizando uma visita a mineradora e pode comprovar de perto que o empreendimento minerário conta com uma grande estrutura de segurança para evitar que acidentes como aconteceu em Mariana aconteça também aqui no norte de minas.

Entendendo o caso
Segundo explanação do Gerente de Minas da MRDM, Marcos Polo Dias Gomes, seguido de apresentação de slides e documentos, a barragem de rejeitos da Mineração Riacho dos Machados é altamente segura por ser construída no método de “Alteamento a Jusante”, diferente da barragem de Fundão em Mariana que usava o método de “Alteamento a Montante”
A barragem de rejeitos compreende uma área de 60 hectares e é toda impermeabilizada por material de extrema resistência, uma espécie de lona grossa que é sobreposta a uma camada de outro material espumoso de cerca de 5 cm de espessura. Ainda segundo Marco Polo, foram investidos em torno de 20 milhões apenas no sistema de impermeabilização do perímetro que recebe os rejeitos.
Na crista da represa existem alguns pontos denominados como “marcos” e outros dispositivos que são denominados de “piezômetros” que são utilizados para fazer o monitoramento. Os “marcos” são usados para verificar o movimento da massa do aterro da represa e os piezômetros (espécie de tubulação interna no barramento) são utilizados para verificação se existe presença de água internamente. A verificação é feita a cada quinze dias por técnicos da empresa. Além disso, segundo ele, anualmente técnicos da FEAM também realizam a fiscalização de rotina.
Como não existe outra fonte de água, para utilização na mineração naquela região, a água utilizada é a água captada da chuva. Portanto se tratando do semi-árido norte mineiro onde as chuvas são escassas, a água da barragem de rejeitos é decantada e reutilizada novamente na mina, o que representa uma recuperação de capacidade da barragem e a retirada do excesso de liquidez dos resíduos.
De acordo com o representante da mineradora a capacidade da barragem é de 8 milhões de metros cúbicos e opera atualmente com 2,8 milhões de metros cúbicos de rejeitos, tendo ainda disponível 5,2 milhões. “Em caso de precipitação pluviométrica, o lago tem a capacidade de suportar 4 mil milímetros de chuva”, afirma ele. Levando se em consideração que no Norte de Minas chove em média 800 milímetros anualmente essa é uma situação quase impossível. A capacidade é calculada em cima do período previsto de vida útil da barragem que é até 2018, período de exploração da mineradora na região. Podendo ser prolongado posteriormente com estudos de viabilidade técnica e econômica. A impressão que se tem é que em matéria de estrutura e monitoramento a barragem é segura do ponto de vista normal.
Passado essa fase de verificação a reportagem perguntou sobre o cianeto, produto que é utilizado na extração do ouro e é extremamente nocivo a saúde humana. A resposta do representante da mineradora foi enfática em dizer que os riscos são mínimos. Durante a averiguação in loco realizada pela reportagem, foi apresentado um conjunto de 10 tanques onde é feito a lixiviação, onde é feito a dissolução do ouro, depois o CIL (Carbon-in-Leach), processo onde o ouro se adere ao carvão ativado; e na seqüência a neutralização, processo para eliminação dos resíduos químicos, entre eles, o cianeto, para só depois ser descartado na barragem de rejeitos. A informação é que 95% do cianeto são neutralizados nesse processo, ainda segundo a mesma informação o cianeto é biodegradável reagente a luz solar, portanto os 5% restante e reinserido na atmosfera mediante evaporação.  
Quanto essa questão do Cianeto vale ressaltar que as informações foram repassadas pela empresa e que a reportagem não tem conhecimento na área química, sendo necessária uma consulta a pessoas com conhecimentos técnicos sobre o assunto.
Já a questão do risco de rompimento, que é uma estrutura física podendo ser vista a olho nu, pode se dizer que, a estrutura é muito bem feita, e monitorada, atendendo os padrões de segurança internacional de acordo com pesquisa realizada  pela reportagem na rede mundial de computadores. O método de construção de “Alteamento a Jusante” que é o método usado pela Mineração Riacho dos Machados é o mais seguro entre os três usados para construção de barragens de rejeitos no mundo e provavelmente passe a ser obrigatório a partir de agora no Brasil, devido as discussões e possível mudança na legislação ambiental brasileira, ocasionado pelo acidente que envolveu a mineradora Samarco, subsidiária da Vale do Rio Doce e da BHP Billiton que até então era considerada referência em mineração.
Vale ressaltar que a nova diretoria, deixa claro que a política da empresa a partir de agora será de estreitamento de laços com a sociedade norte mineira, em especial as cidades que estão ligadas diretamente a planta da mineradora, para que a vinda da mineração não seja encarada como um problema para a região.
A reportagem da Rádio Onda Norte FM, foi informada que além dos representantes da Câmara Municipal de Janaúba, estiveram visitando as dependências da empresa representantes da Câmara Municipal de Nova Porteirinha, da Câmara e prefeitura de Porteirinha e também de Riacho dos Machados, além de diversos órgãos de imprensa, também preocupados com os riscos que poderiam estar expostos em caso de um eventual rompimento da barragem de rejeitos da MRDM. Hipótese essa completamente descartada pela direção da empresa.
Alteamento a Jusante.

As duas imagens acima mostram a diferença das barragens
de Riacho dos Machados e de Mariana (Foto: Divulgação)
Alteamento a Montante.
Vista frontal do Maciço da barragem de rejeitos da MRDM (Foto: Ivo Júnior)

Vista parcial da barragem de rejeitos da Mineração
Riacho dos Machados-MRDM (Foto: Ivo Júnior)

Ivo Júnior (Rádio Onda Norte), Marco Pólo (MRDM-Carpathian Gold)
 e José Ambrósio (Rádio Torre) (Foto: Ivo Júnior) 

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