Deputados da comissão de barragens receberam R$ 587 mil de mineradoras

Gil Pereira (PP) contou com R$ 180 mil da MBR e da Mineração Corumbaense Reunida
(O Tempo) O maior impacto ambiental no Estado, as mortes causadas em função do rompimento das barragens de Bento Rodrigues e o sofrimento das famílias atingidas em Minas não conseguiram superar o lobby das mineradoras na Assembleia. Os deputados desistiram de instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o desastre de Mariana e a situação das demais barragens em operação em Minas. O Colégio de Líderes decidiu criar, no lugar da CPI, a Comissão Extraordinária das Barragens. Juntos, os nove titulares dessa comissão receberam R$ 587 mil em doações diretas ou indiretas de mineradoras na última campanha.
Na prática, a discussão do assunto perde força na Casa. No caso de uma CPI, os deputados teriam poder de investigar, quebrar o sigilo dos investigados e garantir – se preciso com o uso da força policial – que os intimados para depor comparecessem à Assembleia.
Entre os membros da comissão, o que mais recebeu doação de mineradoras foi Gustavo Corrêa (DEM). Ao todo foram R$ 239,9 mil vindos da Anglogold, Empresa de Mineração Esperança, Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), e da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM).
Procurado, Corrêa informou que "as doações na campanha de 2014 foram integralmente legais e realizadas de forma transparente, de acordo com a legislação eleitoral. As doações de pessoas físicas e jurídicas feitas a qualquer candidato no Brasil fazem parte de um processo legal, desde que respeitadas as normas vigentes".
Por meio de nota, o deputado ainda afirmou que em relação à Comissão Extraordinária "os trabalhos serão realizados com total isenção e lisura, com o compromisso de apurar as causas do rompimento dessas barragens e cuidar para que novos tragédias não venham a ocorrer".
Thiago Cota (PPS), filho do ex-prefeito de Mariana, Celso Cota, recebeu R$ 111 mil da CBMM, Phoenix Mineração e Comércio, Mineração Corumbaense Reunida e MBR. Gil Pereira (PP) contou com R$ 180 mil da MBR e da Mineração Corumbaense Reunida. João Magalhães (PMDB) recebeu R$ 50 mil da Embu S/A Engenharia e Comércio. A reportagem considerou os parlamentares que receberam acima de R$ 10 mil.
Nos bastidores, nomes da base e da oposição confirmam que a pressão das mineradoras foi maior que a mobilização para colher assinaturas para a CPI. Os deputados chegaram a reunir 40 nomes para protocolar a abertura da CPI. O número foi superior aos 26 necessários para instaurar a investigação.
Oficialmente, a Assembleia informou que a Comissão Extraordinária seria mais eficaz porque “continuará atuando durante o recesso parlamentar” e porque ela apresenta a “possibilidade de centrar seus esforços nas questões que envolvem a atividade minerária como um todo, em vez de focar em um assunto específico”. A intenção da CPI, no entanto, já era apurar possível irregularidades em outras obras de mineração, além da operada pela Samarco, em Mariana.

Em MG, 67% receberam doações
A influência das mineradoras na Assembleia não se restringe aos membros da Comissão Extraordinária das Barragens, que começa a funcionar na próxima semana. Levantamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que, dos 77 deputados estaduais de Minas, 52 parlamentares (67% do total) receberam algum tipo de doação de empresas do setor.
O parlamentar que mais recebeu de mineradoras foi Paulo Lamac (PT), com R$ 572,8 mil, seguido por Gustavo Corrêa (DEM), com R$ 239,9 mil e Gil Pereira (PP), com R$ 180 mil.
Rompimento de barragens causa estrago em vários distritos de Mariana,
na região Central do Estado

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