Fruticultores do Norte de Minas querem energia elétrica mais barata

Produção de banana orgânica no projeto Jaíba – Foto: Abanorte / Divulgação
Desconto na conta de energia elétrica e a criação de uma malha viária específica foram duas das principais reivindicações de produtores de frutas do Norte de Minas durante audiência da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quarta-feira (7/10/15).
Os três produtores rurais presentes à reunião foram unânimes em afirmar que a fruticultura da região poderia se beneficiar diretamente de um desconto na conta de luz, tendo em vista que a produção depende da irrigação. “Nossa conta de energia dobrou. A Cemig precisa avaliar o nosso caso, já que a bandeira vermelha está incidindo também sobre a irrigação noturna”, ponderou o presidente da Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), Saulo Bresinski Lage. A bandeira vermelha implica acréscimo de R$ 0,045 para cada quilowatt-hora (kWh) de energia consumido.
Já o presidente da Associação de Produtores de Limão do Jaíba (Aslim), Randolfo Diniz Rabelo, afirmou que a Cemig possui diversas formas de ajudar os agricultores se assim desejar. “Eles podem escolher liberar a energia no fim de semana ou estabelecer um horário para o custo reduzido, para ajudar o produtor. Depende só deles”, afirmou.
O produtor rural do Distrito de Irrigação de Jaíba, José Olímpio Monteiro de Castro, falou que o agricultor tem sido penalizado duas vezes: com a conta de energia e com a conta de água, já que ambas aumentaram. “O pequeno irrigante está tendo de arcar com custos pesados”, denunciou.
Sobre a malha viária, Rabelo explicou que obras em determinados pontos entre o Projeto Jaíba e o porto de Salvador poderiam encurtar em até 450 quilômetros o trajeto atual, de 1.000 quilômetros. “Isso deixaria a nossa região bem mais competitiva com relação a outras áreas fruticultoras do País”, disse.
O presidente da comissão e autor do requerimento para a reunião, deputado Fabiano Tolentino (PPS), apoiou a ideia e pediu também uma manutenção cuidadosa das estradas rurais por parte dos municípios, já que isso também facilita o escoamento da produção de frutas. “Dependendo da situação da estrada, as frutas podem estragar. As administrações municipais têm de estar atentas a isso”, alertou.
O assessor na Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Rômulo Luiz Campos, argumentou que setores como o de laticínios já possuem uma logística específica e questionou por que não se faz o mesmo com a fruticultura. “O Estado deveria pensar em outros tipos de logística para apoiar o escoamento da produção da agricultura familiar”, defendeu.

Agroindústria - O chefe-geral substituto da Embrapa Milho e Sorgo, Jason de Oliveira Duarte, destacou que se a fruticultura artesanal se aproximar da agroindustrialização, só tem a ganhar, inclusive em termos de logística. “A produção artesanal é repleta de valor agregado, com grande apelo social. Mas também a industrialização, por meio de sucos e doces, traz vantagens, na medida em que as frutas não se perdem no transporte e os rejeitos da colheita são aproveitados”, afirmou.

Governo oferece capacitação a produtores de frutas
Minas Gerais é o terceiro maior produtor de frutas do País, e para apoiar essa produção, o Governo do Estado desenvolve iniciativas como o Frutifica Minas, que já capacitou em torno de 5 mil agricultores nos últimos quatro anos, segundo o coordenador técnico regional da Emater-MG, Wagner dos Santos Fani.
A representante da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mariana Gabriela Moreira, disse que muitas das solicitações feitas na reunião já estão em análise. O superintendente de Desenvolvimento da Produção da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Maxmilian Avelar, também reiterou o apoio da pasta à fruticultura.

Baixo nível de rios do Norte de Minas preocupa deputados
O deputado Carlos Pimenta (PDT) alertou que afluentes importantes do Rio São Francisco, como os rios Jequitaí, Pandeiros e Verde, estão secos. “Quais águas vão ser usadas para irrigação na fruticultura do Norte de Minas se continuarmos assim? O Projeto Jaíba corre risco de paralisar, se o nível das águas abaixar mais”, afirmou.
O deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB) criticou o projeto de transposição do São Francisco. “Trouxe grandes gastos quando, na verdade, deveriam ter trabalhado para recuperar o rio. E até o momento não vimos nenhum resultado, nada foi transposto e o rio está secando”, lamentou. Ele também criticou a aprovação do Projeto de Lei 2.817/15, que prevê o aumento de impostos para uma série de produtos e serviços, como a energia elétrica. “O governo quer encher de dinheiro os caixas do Estado”, disse.
O deputado Nozinho (PDT) ressaltou o trabalho que a comissão tem feito em defesa do agronegócio, “uma das poucas áreas que está dando certo no País”, segundo ele.


Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

Fonte: ALMG

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