Força-tarefa tenta resolver crise na saúde de Januária, o calo no sapato da reeleição do prefeito Manoel Jorge

(Por Luís Cláudio Guedes) O governo de Minas interveio, na semana passada, na rotina de trabalho do Hospital Municipal de Januária. Mantida pela Prefeitura, a unidade é uma fonte permanente de dores de cabeça para o prefeito do turno, o petista Manoel Jorge. A pedido de Manoel, foram criadas, em caráter emergencial, força-tarefa com duas equipes estratégicas de execução e assessoramento.
Técnicos especializados, importados em boa parte de Montes Claros, já estão em Januária para substituir os servidores que ocupavam os postos-chave na saúde local. A proposta dos interventores é reestruturar o setor e normalizar a prestação dos serviços na microrregião de Januária.
Se a força-tarefa tiver sucesso, o que não é certo, porque Januária, como é sabido dos meus 17 leitores, não é território para amadores, quem vai sair mesmo da UTI é o prefeito Manoel Jorge - que comanda uma administração que respira por aparelhos. Boa parte das dificuldades e desgaste de imagem enfrentada pelo prefeito ao longo deste primeiro mandato tem sua origem na área da saúde – que teve agora nada mais, nada menos do que seis titulares, com média de permanência no cargo de apenas cinco meses.
É por essas e outras que Manoel Jorge tem futuro incerto na hipótese de buscar a reeleição. Como a crise no Hospital de Januária é basicamente financeira, o prefeito conseguiu que a Secretaria de Estado de Saúde tratasse caso com o status de ‘estado de emergência sanitária’, o que facilitou a liberação dos recursos do Pro-Hosp – cerca de R$ 780 mil. Outra medida reajustou o repasse destinado à urgência e emergência, de R$ 40 mil para R$ 100 mil.
Sem ônus
O Hospital Municipal tem déficit financeiro de R$ 1,2 milhão. A unidade, que atende pacientes de microrregião formada por sete municípios, encontra-se sucateado, sem material médico-hospitalar e equipamentos que levaram a suspender as cirurgias eletivas. O secretário de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas Gerais, Paulo Guedes, fez a intermediação junto à Secretaria da Saúde para conseguir aporte financeiro para o hospital.
A equipe especial que agora assume o Hospital conta com cinco profissionais, cedidos pela secretaria de Estado de Saúde, com ônus para o município (pretendo voltar nesse ‘com ônus do município’ em outro artigo, para mostrar que não é só inferno que anda cheio de boas intenções). Seja como for, a força-tarefa já diagnosticou coisas do arco da velha por lá. A boa notícia é que não há propriamente uma máfia do avental atuando no Hospital, como costumam difundir os adversários do prefeito Manoel Jorge, mas o que não faltam são exemplos de má gestão que faz os recursos públicos escorrer pelo ralo.
Numa delas, descobriu-se que o Hospital remunera um médico para cuidar de um bloco cirúrgico que não funciona. Noutra, o município deixa de receber R$ 20 mil mensais porque não instalou serviço de ouvidoria aos usuários dos serviços da unidade. Em menos de uma semana de intervenção, a força-tarefa conseguiu repactuar alguns contratos e redução da folha de pagamento, com redução de R$ 100 mil nos custo operacional do sistema. “Agora podemos acreditar que Januária vai ter uma saúde de qualidade e em tempo recorde”, comemorou o prefeito Manoel ao saber da notícia da transfusão de recursos do Estado para o Hospital Municipal. Oxalá em tempo recorde o suficiente para facilitar sua vida no período eleitoral que se aproxima.

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