Santa Cruz de Salinas: Idoso vive isolado em cabana sem contato com cidade há 15 anos
O idoso vive há 32 anos nesta cabana e não tem qualquer documento, mas conta que nasceu em 1944 às margens do rio Itinga. Cassimiro Souza sabe ler, mas há anos não toca em um cédula de dinheiro. Antes de se isolar completamente, a 7 km da cidade, plantava frutas e carregava lenha nas costas para trocar por outros alimentos.
Quando as trocas cessaram, Cassimiro parou de ir à cidade:
— No início, a gente até ia lá, né? Mas agora tudo tem que comprar na cidade. E como a gente não tem dinheiro, não tem pra que ir lá mais. Fruta não se vende, se dá.
Ele conta que sobrevive das frutas que planta e de doações de amigos.
— Eu gosto de carne, porque ela me dá sustância. Fruta só, não me dá sustância, não.
Cassimiro adora toucinho, carne de sol e mortadela. Há muito tempo parou de criar gado
Ele foi localizado por uma equipe do Ministério Público de Minas Gerais, que pretende viabilizar documentos e o cadastro em programas de assistência social.
Dois amigos que o visitam regularmente dizem que Cassemiro chegou a se casar e tem uma filha, mas se irrita quando perguntam por ela. Ele parece ter ficado traumatizado com um emprego em São Paulo:
— Ele diz que essa firma roubou dele. Tudo que a gente leva para ele tem que ser em sacola sem logomarca de empresa. Se tiver símbolos, ele não aceita de jeito nenhum.
Segundo a equipe do MP, a terra é sustentável, com barreiras de proteção das nascentes d’água e curvas de nível. A área encontra-se tão preservada que atrai a fauna. Rastros de mamíferos, como veados, podem ser flagrados em algumas partes da propriedade. Entre as árvores, são vistas madeiras típicas do cerrado brasileiro bastante conservadas, como a sucupira branca.
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