RETROCESSO: Mãe e bebê morrem em parto em Janaúba

Esta semana, Maria do Carmo, 27 anos, deu entrada no hospital e maternidade Fundajan para dar a luz a uma menina. Grávida de aproximadamente 40 semanas, ela não sabia se o parto seria vaginal ou abdominal.
Ao sentir as contrações a parturiente procurou Fundajan, onde deu entrada à noite de terça-feira, 17.
Momentos depois foi anunciado que Maria do Carmo e o bebê tinham morrido.
Mortalidade infantil, um quadro que havia sofrido redução significativa em Janaúba, mas agora volta a preocupar a comunidade gorutubana, sobretudo os mais carentes que são as principais vítimas. Neste início de ano foram registrados 4 mortes (o registro dá conta somente dos casos que levantaram polêmica).
O hospital está realizando inventário para apurar os fatos.
O caso foi encaminhado ao Ministério Público que irá apurar se houve negligência médica ou não.
A mortalidade infantil está relacionada diretamente a “doença na gestão pública”, quadro fértil para a ocorrência de uma dinâmica inesperada e complicada. E, por conseguinte, a culminância na letalidade. Por isso, o acometimento de pessoas desse quadro tem aumentado significativamente no município. Apesar de existir programas e projetos governamentais e movimentos sociais que apoiam a gestante e sua família, pouco se comenta sobre o assunto e muito pouco se pratica no âmbito municipal.
Gostaríamos muito de não noticiar matérias desse gênero. Porém, é a realidade, é uma redundância, mas precisa ser ressaltada, é atual, está acontecendo agora.
A doença na gestão pode ser um problema sério no futuro e não há dinheiro suficiente que cubra esses equívocos.

VELÓRIO
Em clima de muita consternação mãe e filha foram veladas na comunidade Leões, localidade do município de Janaúba, próxima ao bairro Santa Teresinha. Um local de pouca presença do poder público municipal, sem água tratada, sem coleta regular de lixo, sem vigilância sanitária, sem infraestrutura nenhuma. Apenas o cuidado de um morador com o outro.
Em volta dos caixões – um grande e um pequeno –, parentes e amigos davam adeus a Maria do Carmo e aquele “serzinho” que ninguém teve oportunidade de conhecer. Entre os presentes, duas crianças não se afastavam do caixão, era o último adeus que as filhas prestavam a sua mãe, Maria do Carmo.
Quase na hora do cortejo, dona Zefa, espécie de matriarca da comunidade, chegou tateando os caixões (catarata tomou conta da visão), ela perguntava determinando, “já batizou o anjinho? Por que não vai enterrar sem batizar não”.
O enterro aconteceu na quarta-feira, início da noite.


Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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