Norte de Minas tem prejuízos de R$ 1 bi

Há uma regra elementar que se aplica em períodos de secas severas: se a água escassear, a prioridade é o consumo humano. Isso significa que, antes de as torneiras de casa secarem, a água falta na agropecuária, nas indústrias e nos serviços. É o que ocorre hoje em várias partes do Brasil. A estiagem que compromete importantes bacias hidrográficas pode prejudicar a já combalida economia nacional, simplesmente porque o país não está preparado para lidar com ela.
Segundo cálculos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Montes Claros, o Norte de Minas Gerais contabiliza cerca de R$ 1 bilhão de perdas com a seca nos últimos anos. Cabeças de gado, no total de um milhão, morreram ou foram vendidas a outras regiões para não morrerem de sede. Cerca de 80% das safras de arroz e feijão se perderam por causa da estiagem prolongada.
“Diferentemente de outros países, o Brasil não tem mecanismos para aliviar perdas econômicas com a falta de água”, diz Jerson Kelman, especialista no tema, que dirigiu as agências nacionais de água e de energia.
A seca começou espalhando prejuízos no Nordeste do país. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês), entidade que monitora eventos climáticos extremos, a região sofreu perdas de R$ 20 bilhões entre 2010 e 2013.
Neste ano, a estiagem espalha-se pela região Sudeste. Segundo levantamento da consultoria MB Agro, os produtores de cana-de-açúcar, que é o carro-chefe da agricultura paulista, amargam uma perda de 18% na receita. “O problema é sério e vai afetar a economia de várias cidades”, diz José Carlos Hausknecht, sócio da MB. No Centro-Oeste do país, o produtor ainda aguarda a chuva, que atrasou, para semear.
Energia. No setor de energia, a conta é maior. Somente para manter as térmicas ligadas – que produzem uma energia muito mais cara– e compensar a falta de água nas hidrelétricas, de 1º de janeiro de 2011 até 14 de outubro deste ano foram gastos R$ 49,4 bilhões. O cálculo é da consultoria PSR, com dados do Operador Nacional do Sistema.

Velho Chico
2,8 mil m³ de água por segundo é a vazão normal do rio
49 m³ de água por segundo é o que corre hoje no leito do rio
80% das safras de arroz e feijão do Norte de MG se perderam


Desolação
‘Nunca vi’. A empresária Janice Fiúza, 80, que nasceu e mora até hoje na cidade de São Francisco, diz que “nunca viu” uma situação tão desoladora do rio. “A água está indo embora”, completa.


Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

Fonte: O Tempo

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