Com barragens cheias, Norte de Minas já se prepara para período de seca

Barragem de Tremedal, em Monte Azul, no extremo Norte do estado, há 15 dias (acima), e em junho de 2013, quando era apenas um lamaçal (abaixo). Falta de barragens na região é problema
(Por Luiz Ribeiro) Depois de enfrentar uma das piores secas da história, que começou em 2012 e se estendeu por quase todo ano de 2013, comunidades do Norte de Minas tiveram um grande alívio com as chuvas de dezembro. Barragens e rios que estavam esturricados ficaram cheios, amenizando o sofrimento da falta de água. As comunidades comemoram o fim do sofrimento. Contudo, sabem que o grande desafio é “segurar” a água da chuva para evitar que o drama se repita no período crucial da estiagem, entre julho e setembro. Uma das deficiências da região é a falta de barragens. O assoreamento e a poluição de rios e córregos é outro problema. Monte Azul, no extremo Norte do estado, foi um dos municípios que mais sofreram com a “seca brava” de 2012 e 2013. A barragem do Rio Tremedal, que abastece a cidade, ficou vazia, e durante seis meses todos os 22 mil habitantes receberam água de 33 caminhões-pipa (23 da Copasa e 10 do Exército).  A água foi captada em barragens dos municípios de Espinosa e Porteirinha e faziam o transporte até a estação de tratamento de água de Monte Azul, que, após ser tratada, chegava às casas. Os 4 mil moradores de 54 comunidades rurais foram atendidos diretamente pelo serviço.
As dificuldades no abastecimento foram amenizadas em dezembro, quando a barragem se encheu e transbordou. O prefeito de Monte Azul, José Edvaldo Antunes de Souza (PP), afirma que fazia quatro anos que a barragem de Tremedal não acumulava tanta água. “Agora, a barragem cheia pode garantir o fornecimento de água para o município por pelo menos dois anos”, diz Antunes. Ele reconhece que somente será possível evitar que a falta de água venha a se repetir com a construção de outras represas na região. Há um projeto para a construção de uma barragem no Rio Canabrava, a 18 quilômetros da sede, mas sua execução depende da liberação de recursos federais. Para amenizar o problema do desabastecimento no período crítico da estiagem, estão sendo perfurados e equipados 22 poços tubulares na zona rural.

COMEMORAÇÃO 
A volta das águas é comemorada pelo agricultor Luiz Francisco dos Santos, presidente do Conselho do Desenvolvimento Comunitário de Poções, localidade da zona rural de Monte Azul, que reúne 104 famílias. “No ano passado, enfrentamos uma seca brava demais. A água acabou. Não teve mais serviço e todos os jovens saíram para trabalhar em outras regiões. Foi a pior estiagem que já vi”, afirma Santos. “Com a chuva de dezembro, melhorou 100%”, diz. O líder comunitário vê a construção de barragens como necessária, mas, para impedir que o drama se repita, para ele é preciso investimento na preservação ambiental, para a recuperação das nascentes e despoluição dos rios, para que eles voltem a correr, cheios e limpos. “Muitos córregos foram assoreados. Antigamente não era assim. A gente abria um buraco no meio da roça e minava água. Hoje, a água sumiu. O Rio Ramalhudo, que corta Poções, voltou a correr, mas a água não pode ser consumida por receber esgoto da cidade de Monte Azul. Há um poço tubular na comunidade, mas a água é salobra (salgada). As famílias de Poções, mesmo agora, continuam sendo abastecidas por caminhões-pipa do Exército. Os 6, 7 mil moradores Mamonas (cidade vizinha a Monte Azul) também tiveram que ser abastecidos por caminhões-pipa durante todo o período da seca prolongada de 2012 e 2013, pois a barragem que atende o município ficou “na terra”. Com as chuvas de dezembro, ela se encheu. “A nossa expectativa é de que a água armazenada seja suficiente para atravessar a próxima seca”, diz Eleide Maria Teixeira, chefe do serviço de abastecimento de água da Prefeitura de Mamonas.


EXPECTATIVA 
As últimas chuvas foram recebidas com alívio em Taiobeiras (30 mil habitantes), no Norte de Minas, na microrregião do Alto Rio Pardo. A população do município é abastecida com a água captada pela Copasa em dois barramentos (“soleiras de nível” construídos no Rio Pardo). Porém, em agosto do ano passado, os níveis do rio e dos reservatórios baixaram muito e a estatal se viu obrigada a recorrer aos carros-pipa para atender os moradores. O abastecimento somente foi normalizado com as chuvas de dezembro, com a cheia do Rio Pardo.
O gerente da Copasa em Taiobeiras, Deusdete Rocha, salienta que a expectativa é que venha a chover mais para garantir a tranquilidade no abastecimento no período da estiagem prolongada. Ele informou que a Copasa está construindo, no Rio Pardo, outro barramento, feito no leito do manancial, em que água passa por cima de um barramento de concreto, obedecendo ao nível normal do rio. Deusdete Rocha ressalta que a solução definitiva para o abastecimento de a água de Taiobeiras e cidades vizinhas somente será garantida com a construção da barragem de Berizal, obra do governo federal iniciada há 15 anos e que teve 70% dos serviços executados, mas está paralisada há mais de 10 anos por causa de problemas de licenciamento ambiental e da falta de liberação de recursos.

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