As damas de preto na caça aos corruptos em Minas Gerais

(Hoje em Dia) “Onze mulheres na caça a corruptos”. Esta manchete do Hoje em Dia, nesta segunda-feira, ajuda a entender a situação de duas regiões pobres – o Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha –, que nos últimos tempos têm se destacado no noticiário sobre corrupção. Talvez elas não sejam as mais corruptas do Estado. Pode ser que as duas tenham, mais que outras regiões mais abastadas, juízas corajosas e muito empenhadas em punir os desonestos acusados de desviar dinheiro público que deveria servir a uma população muito carente.
Nos últimos anos, tem aumentado o número de mulheres que passam em concursos públicos promovidos pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Nas 313 comarcas mineiras, conforme dados da Corregedoria Geral de Justiça, atualizados até o dia 10 deste mês, existem 76 juízas designadas diretoras de Foro. Quatro comarcas aguardam designação e 17 ainda não foram instaladas. Existem ainda carências no judiciário estadual, apesar do crescente interesse feminino pela carreira da magistratura.
Nessa carreira, como também no Ministério Público, o profissional em geral é nomeado para comarcas distantes da capital, da qual ele vai se aproximando à medida que é promovido.
É o que aconteceu, por exemplo, com a juíza Aline Campos. Nomeada para a Comarca de São João do Paraíso, município de 23 mil habitantes, na divisa com a Bahia, a 785 quilômetros de Belo Horizonte, é hoje juíza de Salinas, com 39 mil moradores, a 640 quilômetros da capital. Na primeira comarca, foi uma das responsáveis pelas operações Grilo e Máscara da Sanidade que apuravam desvios de recursos estimados em mais de R$ 300 milhões. Em Salinas, Aline Campos deu continuidade ao trabalho da juíza Roberta Souza Alcântara, transferida para a comarca de Manga, onde autorizou, juntamente com Aline, a operação Máscara da Sanidade.
A juíza Arlete Silva Coura, na comarca de Pirapora, mandou prender os prefeitos de Pirapora, Montes Claros e Janaúba, denunciados, com outros, na operação Violência Invisível, por desvios de R$ 100 milhões. Advogados dos réus tentaram, em vão, no Tribunal de Justiça, que fosse declarada a suspeição da juíza. Arlete foi promovida, e está agora na comarca de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Essas e outras juízas vêm conquistando o respeito da população mineira. Ganharam até um apelido: “As Damas de Preto”. Uma referência à toga negra que vestem no exercício de sua profissão.

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