Pior seca em 40 anos destrói gado e safras no Norte do Estado

Expectativa. Redução de impostos de 18% para 4% pode gerar ganho de R$ 100 por cabeça de gado
Em função da pior seca dos últimos 40 anos no Norte de Minas e nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, mais de 20 mil cabeças de gado já foram perdidas e safras inteiras de milho, feijão e cana-de-açúcar comprometidas. Os prejuízos causados pela estiagem ainda estão sendo calculados, mas já forçaram 22 municípios do Norte e Nordeste mineiro a decretar situação de emergência apenas este ano. Em 2012, foram 125 decretos de emergência - sendo que 49 ainda estão em vigência.
Uma ação anunciada ontem pelo governo do Estado minimiza os impactos da seca. Por decreto, o ICMS nas operações com gado bovino e bubalino foi reduzido de 18% para 4%.
A medida é válida para os 181 municípios que integram a área de abrangência do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene) e terá validade até junho.

A medida pode trazer alguma competitividade para os produtores. "O incentivo pode ser bem representativo e fundamental para reduzir os impactos da seca", diz o gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater) em Montes Claros, Ricardo de Michelli. Segundo ele, a redução do imposto pode representar um ganho de até R$ 100 por cabeça de gado.
De acordo com o governo de Minas Gerais, as razões apontadas para a redução tributária são a grave crise econômica por que passa a região, a falta de pasto para o gado e a consequente urgência de comercialização do gado. A estimativa é que existam três milhões de cabeças de gado na região afetada pela seca. A Secretaria de Estado da Fazenda (SEF) ainda não divulgou o impacto da renúncia fiscal para os cofres públicos.
Impactos. "Se não chover nos próximos três meses, milhares de pessoas podem perder o emprego". A perspectiva pessimista, feita pelo secretário de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas, Gil Pereira, se baseia no fato de que a seca aconteceu exatamente em um período de chuvas no Estado. Segundo ele, a atividade rural é fundamental para os cerca de 3 milhões de habitantes que vivem na região. De Michelli, da Emater, ressalta a perspectiva de que a seca se prolongue na área. "Estamos vivendo um cenário totalmente atípico, de uma seca que foi antecipada de agosto e setembro e que se ligou apenas ainda à seca do ano passado", diz.
O Jaíba, maior projeto de irrigação da América Latina, que está no Norte do Estado, não foi afetado pela seca, de acordo com Gil Pereira. "O Jaíba é abastecido pelo rio São Francisco, que tem um volume de água muito maior que não foi impactado pela estiagem", afirmou.


Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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