Pior seca dos últimos 50 anos vai reduzir rebanho norte-mineiro pela metade
Pancadas de chuva ocasionais serão insuficientes para recuperar pastagens e encher represas da região, segundo meteorologistas.
(Por Armênio Pereira) O Norte de Minas que concentra aproximadamente 3 milhões de animais, deve emigrar mais de 1,5 milhão, conforme o presidente do sindicato rural, José Aparecido.
O Semiárido brasileiro enfrenta uma das piores secas dos últimos 30 anos, que afeta o abastecimento de água em diversos Estados. A falta de chuva se assemelha à enfrentada no começo da década de 1980, quando milhões de pessoas também foram afetadas pela seca. O fenômeno dos anos 80 não baixou na região de Janaúba. O período de agora, nesta região, é equiparado ao de 1962/1965.
Atualmente, 1.320 cidades espalhadas em dez Estados já declararam situação de emergência. Isto representa um total de 23,72% dos municípios do Brasil. Já chega a aproximadamente 10 milhões o número de pessoas afetadas pelas secas na região, ou seja, mais de 5,3% da população do Brasil.
Estados e cidades já adotam racionamento de água para conter os impactos da falta de abastecimento dos reservatórios. Segundo o meteorologista Fabio Rocha, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a situação não deve mudar nos próximos meses.
— Ainda há condições desfavoráveis para a chuva no semiárido. Exceto para o litoral, que deve continuar nos próximos meses nas condições típicas da estação e na região do norte de Minas que terá pancadas de chuvas típicas da estação.
A temperatura fica acima do normal pelos próximos meses, o que piora a sensação térmica. Pelo menos até novembro, segundo Rocha, não deve chover para valer.
Em Janaúba e Nova Porteirinha, o reservatório de abastecimento de água está operando com 56% de sua capacidade para irrigação. Os perímetros irrigados enfrentam racionamento de água para evitar problemas futuros de abastecimento. Não há racionamento para o consumo doméstico.
Assim como o colega do INPE, o meteorologista Celso Oliveira, do Tempo Agora, projeta que o cenário vai permanecer praticamente igual nos próximos meses. Ele alerta que a chuva ocasional que deve cair sobre o semiárido não será suficiente para encher as represas da região.
— Pancadas de chuva não conseguem reverter a situação atual. Isso porque, quando chove, a água é absorvida pelo solo para alimentar o lençol freático, e, só depois, é que enche os reservatórios. Precisaria chover muito para reverter o quadro considerado como crítico.
Outro problema apontado pelo meteorologista é o curto período de chuvas na região, que já está chegando ao fim sem nenhum acúmulo significativo. Esta situação já se repete a 5 anos seguidos, ou seja, desde 2009, o que leva a um agravamento da seca.
— A situação é dramática e, mesmo que chova, vai continuar dramática. É um ou outro reservatório onde acaba caindo uma chuva muito boa, enche, e ele aguenta. Mas isso tem sido exceção. A regra, infelizmente, é o reservatório com baixo acúmulo de água.
Pastagens são insuficientes para passar o período de seca que está chegando
Seca no norte de Minas é uma situação recorrente, o que não é comum é o período e a sequência – final de ano hídrico, geralmente nesta época o quadro é favorável e já são cinco anos que as precipitações estão abaixo da média. Situação que preocupa, e muito, toda a região.
Na reunião ordinária da Câmara de vereadores de segunda-feira, 18, o presidente do sindicato dos produtores rurais de Janaúba, José Aparecido Mendes, apontou várias ações que a entidade vem desenvolvendo junto às autoridades governamentais na tentativa de conseguir recursos para minimizar os efeitos da seca, ele que é presidente também da Aspranorte.
O presidente revelou situação desoladora, ele disse que o volume de reserva pastoril existente na região é 46%, e o rebanho bovino é de aproximadamente 3 milhões de animais. Situação que nos obriga a imaginar uma emigração de mais de 1,5 milhão de animais nos próximos meses.
Ele disse que a evasão bovina já é uma realidade, carretas e mais carretas de animais já está saindo da região.
Emergência para todos os municípios do Norte de Minas
Ações imediatas para minimizar o drama causado pelos moradores dos municípios da microrregião da
Ações imediatas para minimizar o drama causado pelos moradores dos municípios da microrregião da Serra Geral em decorrência da longa estiagem, são parte de documento formalizado pela Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (AMAMS), e que será entregue ao chefe de gabinete da casa Civil, Coronel Luís Carlos Dias Martins, em reunião regional da Coordenadoria da Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec-MG), prevista para acontecer em Montes Claros, nos próximos dias.
A situação na microrregião da Serra Geral é demasiadamente desfavorável. Barragens como a do Rio Tremendal na cidade de Monte Azul já perdeu 96% de seu volume de água, Bico da Pedra, em Janaúba/Nova Porteirinha, com capacidade para 705,8 milhões de metros cúbicos de água, reduziu o seu volume para a casa dos 30%.
Na reunião que a Cedec-MG realizará no auditório Deputado Aécio Cunha, em Montes Claros, a AMAMS , vai pedir que seja reconhecida situação de emergência em todos os municípios do norte de Minas.
A AMANS já reivindica:
- Descentralização de comercialização e distribuição do milho da CONAB;
-Antecipar de forma urgente o “Plano Emergencial – 2013 de Convivência com a Seca”;
- Promover a doação proporcional a cada município atingido, de alimentos dos estoques reguladores da CONAB;
- Garantir e ampliar de imediato para os municípios o número de caminhões-pipas a serem autorizados pelo Estado e União;
- Flexibilizar um processo emergencial para perfurar e equipar poços tubulares públicos junto aos órgãos do Governo do Estado, CODEVASF E DNOCS.
- Ampliar e atender maior número de municípios antecipando as etapa na entrega de caixas de água de polietileno e equipamentos no Programa Água Para Todos, beneficiando principalmente a nossa população rural;
- Implantar de imediato um” Programa Emergencial de Contratação Temporária de Trabalhadores” atingidos pela seca e falta de água.
O Semiárido brasileiro enfrenta uma das piores secas dos últimos 30 anos, que afeta o abastecimento de água em diversos Estados. A falta de chuva se assemelha à enfrentada no começo da década de 1980, quando milhões de pessoas também foram afetadas pela seca. O fenômeno dos anos 80 não baixou na região de Janaúba. O período de agora, nesta região, é equiparado ao de 1962/1965.
 |
| Clique sobre a imagem para amplia-la |
Estados e cidades já adotam racionamento de água para conter os impactos da falta de abastecimento dos reservatórios. Segundo o meteorologista Fabio Rocha, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a situação não deve mudar nos próximos meses.
— Ainda há condições desfavoráveis para a chuva no semiárido. Exceto para o litoral, que deve continuar nos próximos meses nas condições típicas da estação e na região do norte de Minas que terá pancadas de chuvas típicas da estação.
A temperatura fica acima do normal pelos próximos meses, o que piora a sensação térmica. Pelo menos até novembro, segundo Rocha, não deve chover para valer.
Em Janaúba e Nova Porteirinha, o reservatório de abastecimento de água está operando com 56% de sua capacidade para irrigação. Os perímetros irrigados enfrentam racionamento de água para evitar problemas futuros de abastecimento. Não há racionamento para o consumo doméstico.
Assim como o colega do INPE, o meteorologista Celso Oliveira, do Tempo Agora, projeta que o cenário vai permanecer praticamente igual nos próximos meses. Ele alerta que a chuva ocasional que deve cair sobre o semiárido não será suficiente para encher as represas da região.
— Pancadas de chuva não conseguem reverter a situação atual. Isso porque, quando chove, a água é absorvida pelo solo para alimentar o lençol freático, e, só depois, é que enche os reservatórios. Precisaria chover muito para reverter o quadro considerado como crítico.
Outro problema apontado pelo meteorologista é o curto período de chuvas na região, que já está chegando ao fim sem nenhum acúmulo significativo. Esta situação já se repete a 5 anos seguidos, ou seja, desde 2009, o que leva a um agravamento da seca.
— A situação é dramática e, mesmo que chova, vai continuar dramática. É um ou outro reservatório onde acaba caindo uma chuva muito boa, enche, e ele aguenta. Mas isso tem sido exceção. A regra, infelizmente, é o reservatório com baixo acúmulo de água.
Pastagens são insuficientes para passar o período de seca que está chegando
Seca no norte de Minas é uma situação recorrente, o que não é comum é o período e a sequência – final de ano hídrico, geralmente nesta época o quadro é favorável e já são cinco anos que as precipitações estão abaixo da média. Situação que preocupa, e muito, toda a região.
Na reunião ordinária da Câmara de vereadores de segunda-feira, 18, o presidente do sindicato dos produtores rurais de Janaúba, José Aparecido Mendes, apontou várias ações que a entidade vem desenvolvendo junto às autoridades governamentais na tentativa de conseguir recursos para minimizar os efeitos da seca, ele que é presidente também da Aspranorte.
O presidente revelou situação desoladora, ele disse que o volume de reserva pastoril existente na região é 46%, e o rebanho bovino é de aproximadamente 3 milhões de animais. Situação que nos obriga a imaginar uma emigração de mais de 1,5 milhão de animais nos próximos meses.
Ele disse que a evasão bovina já é uma realidade, carretas e mais carretas de animais já está saindo da região.
Emergência para todos os municípios do Norte de Minas
Ações imediatas para minimizar o drama causado pelos moradores dos municípios da microrregião da
Ações imediatas para minimizar o drama causado pelos moradores dos municípios da microrregião da Serra Geral em decorrência da longa estiagem, são parte de documento formalizado pela Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (AMAMS), e que será entregue ao chefe de gabinete da casa Civil, Coronel Luís Carlos Dias Martins, em reunião regional da Coordenadoria da Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec-MG), prevista para acontecer em Montes Claros, nos próximos dias.
A situação na microrregião da Serra Geral é demasiadamente desfavorável. Barragens como a do Rio Tremendal na cidade de Monte Azul já perdeu 96% de seu volume de água, Bico da Pedra, em Janaúba/Nova Porteirinha, com capacidade para 705,8 milhões de metros cúbicos de água, reduziu o seu volume para a casa dos 30%.
Na reunião que a Cedec-MG realizará no auditório Deputado Aécio Cunha, em Montes Claros, a AMAMS , vai pedir que seja reconhecida situação de emergência em todos os municípios do norte de Minas.
A AMANS já reivindica:
- Descentralização de comercialização e distribuição do milho da CONAB;
-Antecipar de forma urgente o “Plano Emergencial – 2013 de Convivência com a Seca”;
- Promover a doação proporcional a cada município atingido, de alimentos dos estoques reguladores da CONAB;
- Garantir e ampliar de imediato para os municípios o número de caminhões-pipas a serem autorizados pelo Estado e União;
- Flexibilizar um processo emergencial para perfurar e equipar poços tubulares públicos junto aos órgãos do Governo do Estado, CODEVASF E DNOCS.
- Ampliar e atender maior número de municípios antecipando as etapa na entrega de caixas de água de polietileno e equipamentos no Programa Água Para Todos, beneficiando principalmente a nossa população rural;
- Implantar de imediato um” Programa Emergencial de Contratação Temporária de Trabalhadores” atingidos pela seca e falta de água.
Comentários
Postar um comentário