Norte de Minas envergonhado

Mais uma vez, a desunião e a falta de compromisso de prefeitos e o oportunismo de falsas lideranças foi a marca de um processo eleitoral no norte de Minas. Assim como na eleição da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (AMAMS), a eleição para a diretoria do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Rede de Urgência do Norte de Minas (Cisrun) foi comandada por alguns deputados estaduais e não pelos prefeitos da região.
Como já é costume na região, os prefeitos cederam o seu direito, legítimo, de serem agentes dos processos definidores dos rumos do desenvolvimento do norte de Minas, em prol de deputados ou outros agentes políticos, que não se interessam pela região, mas possuem interesses meramente pessoais e promovem a partidarização do processo.

Governo de Minas X Governo Federal
Durante a eleição, na manhã de quinta-feira (28), mais uma vez o fato ficou evidenciado. Os prefeitos se submeteram a negociatas e foram omissos, desrespeitando não apenas o processo, mas, sobretudo aqueles que os elegeram como gestores para os 86 municípios que compõem o Cisrun. Mostrando total desinteresse, os prefeitos aceitaram um pseudo-consenso para composição de chapa única. O acordo garantiu a presidência do Cisrun ao prefeito de Bocaiuva, Ricardo Veloso para a gestão 2013/2014, e em troca, o também candidato Kinca Dias, prefeito de Salinas, ganhou o direito de ser o presidente no próximo biênio. O primeiro tinha o apoio do Governo de Minas e o segundo, do Governo Federal.

Voz destoante
Manipulados por interesses externos, os prefeito foram, como muitos eleitores do norte de Minas ainda são, eleitores de cabresto. Voz destoante, o prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz, protestou contra a forma como o processo foi conduzido e mostrou toda a sua insatisfação ao chamar os colegas à responsabilidade.
- Os prefeitos somos nós! Nós é quem devemos votar, escolher o melhor para a nossa região. Não podemos deixar que os deputados decidam por nós. Fomos eleitos para sermos gestores. Precisamos assumir as nossas responsabilidades. Precisamos valer a nossa opinião.
Para Muniz, não basta fazer um discurso bonito, é preciso praticar, o que segundo ele, não tem sido a marca, de muitos dos gestores municipais, que têm se mostrado vacilantes e indecisos.
- Este é o caso, por exemplo, do prefeito de Bocaiuva, Ricardo Veloso, eleito para comandar o Cisrun. Nos dois processos AMAMS e agora Cisrun, ele não foi firme em sua posição, acabando por ceder ao interesses de quem não respeita o processo e o povo norte-mineiro.
Mais um vez, ele não garantiu sua posição, lembrou Muniz, que mesmo sem concordar com a forma como a eleição foi realizada, reconheceu  a importância da iniciativa de implantação do SAMU regional, enfatizando que o consórcio é uma grande ideia e que pode ser exemplo na gestão de saúde  no Brasil.
- O consórcio regional pode ser uma excelente alternativa para a saúde em pequenos municípios e embora, ainda no início, o SAMU Macro Norte já é se destaca no país, por isso não podemos deixar que seja desvirtuado, com a partidarização da administração”.

Nova diretoria
Após duas chamadas, já que a primeira realizada às 9h30 não apresentou quórum, foi eleita a nova diretoria do Cisrun, que passa a ser composta por presidente do Conselho Diretor, Ricardo Veloso (Bocaiuva) e vice- presidente, Joaquim Neres (Salinas). Jovelino Pinheiro (Rio Pardo Minas) é o 2º vice-presidente e o 1º secretário, João Bosco (Vargem Grande) e 2º secretário, Erival José Martins (Montezuma); OS conselheiros eleitos foram: Cesar Emílio (Capitão Eneas); Vinícius Versiani (Patis); Jefferson Augusto (Grão Mogol); Idson Fernandes (Lassance); Manoel Jorge (Januária), Evandro Gonçalves (Lontra).
Já o Conselho Fiscal tem como presidente Hércules Vandy (Lagoa dos Patos) e vice, Maria das Dores Duarte (Claro dos Poções). O secretário-geral é Silvanei Batista (Porteirinha) e os conselheiros: Anastácio Guedes (Manga); Jimmy Diogo (Jaíba); Luis Rocha Neto (São Francisco); Leonardo Vasconcelos (São Romão); Danilo Mendes (Taiobeiras); Luis Carneiro (Buritizeiro).

Cisrun
O Cisrun foi o primeiro consórcio público desta natureza constituído no país, por iniciativa da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, e além de possibilitar mais agilidade nos procedimentos burocráticos e democratizar o gerenciamento do SAMU, viabiliza o repasse de recursos, já que tanto a União quanto o Estado restringiram seus investimentos para os consórcios públicos.
O funcionamento do SAMU Macro Norte depende diretamente do Cisrun, que é responsável pelo gerenciamento dos recursos de custeio do serviço, cuja contribuição é de 30% da União, 60% do Estado, e 10% dos municípios, que contribuem com 0,13% per capita.
Também é competência do Cisrun dar suporte infraestrutural às 36 bases descentralizadas do SAMU e ao Complexo Regulador Macrorregional, em Montes Claros, onde funciona a central de regulação de urgência do SAMU.


Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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