Norte de Minas deve vender 60% de seu gado


Com a queda do ICMS, cerca de 10 mil cabeças de gado devem ser vendidas por mês
A seca mais forte dos últimos 40 anos vem trazendo prejuízos e preocupações para os produtores do Norte de Minas. Para conter parte das perdas na produção, o Governo de Minas abaixou a alíquota de 18% para 4% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e a previsão é de 60% das cabeças de gado da região sejam vendidas para os Estados de São Paulo, Mato Grosso e Goiás.
O engenheiro agrônomo da Emater, Reinaldo Oliveira, destaca que a média pluviométrica para toda a região está muito abaixo do esperado. Em Montes Claros, a média seria de 1.200 milímetros cúbicos, mas houve a incidência de apenas 614 milímetros, sendo estes mal distribuídos.
“Na agricultura, foram plantadas 131 mil hectares, que deveriam gerar 280 mil toneladas de grãos, mas praticamente tudo isso já está perdido devido à falta de chuvas. Há ainda o agravante de que este é o segundo ano seguido nestas condições, então não há pasto, não há forragem, não há silagem guardada para poder alimentar o gado. Os produtores estão falidos”, destaca Reinaldo.
Segundo o agrônomo, já há também perda de 60% da produção de leite na região. Da produção anterior de 600 mil litros de leite/dia, agora está em 360 litros/dia, gerando prejuízo acumulado de R$ 50 milhões.
Os produtores lamentam a má fase e já anteveem momentos críticos no futuro. Levi Miranda possui pequena produção leiteira, cuja produção já diminuiu em 60%. “Se não chover nos próximos 15 dias vou vender meu gado. Se não, não terei como alimentá-los a partir do meio do ano e eles irão morrer”, confessa o produtor.
A situação é enfrentada em todo o Norte de Minas. Só em Montes Claros, o extensionista da Emater Charles Xavier acredita que aproveitando a queda do ICMS, serão vendidos cerca de 60 mil cabeças neste mês. Porém, a grande oferta de animais tem feito o preço cair.
“Animais que eram vendidos por R$ 750 ou R$ 800, agora estão sendo vendidos por R$ 350. É uma desvalorização muito grande, mas o produtor não tem outra saída. Se não vender o gado morrer a partir do meio do ano. Mesmo com preço abaixo do valor de mercado, a venda ainda é um prejuízo menor”, explica o extensionista.
No entanto, Xavier pontua que a crise se refletirá nos próximos anos, pois os produtores terão dificuldades para repor suas criações e produção.
O presidente da Sociedade Rural, Osmani Barbosa Neto, fez parte do grupo de órgãos que articulou com o Governo a queda no imposto para a venda do gado. Segundo ele, ainda há negociações no sentido de também se baixar o ICMS sobre a saca do milho, principal alimento do gado.
“Já trouxemos o milho vendido pela Conab, que é mais barato, mas queremos que o Governo baixe o imposto estadual sobre o produto. O Estado já está renegociando e prorrogando o pagamento de dívidas contraídas pelos produtores rurais. É uma situação triste e preocupante. Estamos buscando medidas que amenizem a crise enfrentada pelos produtores”, conclui.
Vistoria
A Emater-MG vai realizar vistorias nas áreas de plantação pertencentes aos agricultores familiares do de Montes Claros cujo objetivo é elaborar relatório que vai determinar a liberação, para estes produtores rurais, dos recursos do Garantia-Safra, programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário voltado para dar auxílio aos agricultores que perderam safras por motivo de seca ou excesso de chuvas.
O Garantia-Safra funciona como uma espécie de seguro, e por meio dele os produtores recebem uma indenização que ameniza os prejuízos causados pelas condições climáticas anormais. Em Montes Claros, cerca de 240 agricultores aderiram ao programa.


Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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