A seca no Norte de Minas

(por AROLDO CANGUSSU) Todos nós, ultimamente, olhamos para o céu com a esperança de ver sinais de chuva. Vemos nuvens brancas pairando sobre a terra ressequida e não entendemos por que não chove.
Acompanhamos, avidamente, todos os boletins meteorológicos que passam na televisão, aguardando notícias boas para o Norte de Minas. Mas, em vão, por enquanto só aquele clarão amarelo sobre o mapa do Brasil, no local de nosso interesse.
Entretanto, como não se encerrou ainda o período de chuvas no semiárido, não é possível confirmar um dos maiores períodos de estiagem dos últimos tempos. Só sabemos que a época de chuvas está quase acabando e a precipitação pluviométrica foi uma das menores já vistas neste século.
Sabemos que, para chover, as nuvens que flutuam sobre nossas cabeças têm que concentrar as gotículas existentes no ar úmido, agregando-as até que elas se tornem mais pesadas que o ar e caiam em forma de chuva. Para isso, é necessária a conjunção de diversos fatores, tais como o vento, a umidade e diferenças de pressão.
Nos núcleos urbanos da região, principalmente em Janaúba e outras cidades maiores, as pessoas quase não percebem a gravidade da situação, só reclamam do calor, pois, ao abrir a torneira, a água está lá, abundante e generosa. É que as concessionárias de água continuam o seu trabalho de captação e, de uma maneira mais custosa e difícil, conseguem enviar a água aos consumidores.
Mas, e na zona rural, onde vivem milhares de famílias, longe das tubulações da Copasa e de outras concessionárias? Sob essa seca inclemente, os barreiros secaram, os açudes e cisternas estão com pouquíssima água, muitos sem água nenhuma. Vários municípios já estão declarando estado de emergência. Felizmente, não está acontecendo nenhuma tragédia social ainda, tais como migrações em massa, sedentação de animais, mortalidade infantil e falta de alimentos.
Graças a algumas medidas tomadas pelo governo (ainda é pouco) como a construção de cisternas caseiras que captam água das chuvas nos telhados, aposentadoria rural, bolsa família, a chegada de energia em áreas remotas, distribuição de água em carros pipa e acessos mais facilitados às áreas urbanas.
O Brasil sempre viveu com esse problema da seca no semiárido e sempre procurou combatê-lo, ineficientemente, através de medidas globais e governamentais, como, por exemplo, criando órgãos estatais tipo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs). É a mesma coisa que o Canadá criar um "departamento de obras contra a neve", ou seja, não ataca a questão no âmago que é, na realidade, a "convivência" com o clima.
Sabemos que a condição de estiagem sempre vai existir, por isso a prevenção é fundamental. É necessária a distribuição de água de maneira difusa, levando-a a todos os moradores espalhados pela caatinga, capilarizando as redes de distribuição. Não basta a transposição de rios ou construção de barragens, é preciso que o acesso à água seja universal.


Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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