Ribeirinhos ameaçados pelos rios São Francisco e das Velhas

Desde a semana passada, Cemig emite alertas para Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, para que ribeirinhos de Piraporasejam removidos.
Meio saco de espigas de milho verde e 16 galinhas. Isso foi tudo que o pescador Leonardo da Piedade Diniz Filho, conhecido como Leo do Peixe, de 45 anos, conseguiu salvar ontem de sua pequena gleba de 3 mil metros quadrados na Ilha do Boi, “engolida” pela enchente que atingiu a barra dos rios São Francisco e Velhas, em Pirapora, no Norte de Minas.
Léo do Peixe, sua mulher Analina e os dois filhos, além de outras 29 famílias, vivem de pequenas culturas de subsistência nas ilhas do Boi e Engenho, na confluência do Velho Chico e Velhas, atingidas pelas cheias. Outras ilhas que já foram alagadas são Coqueiros, Marambaia, Pimenta e Várzea da Croa, cujos moradores ainda relutam em sair. Por isso, bombeiros do 4º Pelotão e Defesa Civil de Pirapora estão de prontidão para eventuais resgates de pessoas. Os animais terão de ser abandonados.

Desde a semana passada, a Cemig emite alertas para a Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, para que os ribeirinhos da região sejam removidos. Por causa das chuvas, o volume de água que chega ao reservatório da Usina Hidrelétrica de Três Marias é de 4 mil metros cúbicos por segundo. Por segurança, a empresa está liberando pouco mais da metade, ou seja, 2.700 metros cúbicos por segundo.
Diante dos avisos da Cemig, os bombeiros fizeram várias visitas aos ribeirinhos dessas ilhas, alertando para o risco de inundações. Na quarta-feira passada, as águas do Velho Chico já tinham subido cerca de 3,2 metros.
O sargento Geraldo Isaac Cássia Nascimento, comandante interino do 4º Pelotão de Bombeiros de Pirapora, informou que pelo menos 169 posseiros estão espalhados por essas quatro ilhas. Segundo ele, apesar das visitas de alerta, os ribeirinhos não quiseram deixar suas terras, por não acreditarem em uma inundação ou por medo de serem saqueados.

Já nas ilhas do Boi e Engenho, os ribeirinhos não tiveram como esperar, uma vez que as águas inundaram praticamente todas as propriedades, segundo Leo do Peixe. “A cheia já tinha levado toda a plantação de feijão-catador, mandioca, abóbora e banana. Também perdi uns seis porcos que foram levados pelas águas. Das 32 galinhas, consegui pegar a metade. O resto foi embora”, lamentou.
Ele afirma que o rio São Francisco já subiu 6,8 metros e, se as chuvas continuarem, a situação tende a piorar. “Ainda não sabemos como vai ser. Esperamos voltar para o que sobrou e tentar reconstruir nossas vidas”.

Leo do Peixe também reclamou do atraso do salário para pescadores profissionais, que não podem exercer suas atividades durante a piracema (época de reprodução dos peixes). Ontem, o sargento Enivaldo Silva, do 4º Pelotão dos Bombeiros, informou que uma equipe fez ronda para avaliar a necessidade de um eventual resgate, o que ainda não foi necessário.



Hoje em Dia - Carlos Calaes

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