Receita Federal aperta o cerco em Matias Cardoso

(por Fábio Oliva) Prosseguem os levantamentos da Receita Federal do Brasil sobre as fraudes contra o imposto de renda em Matias Cardoso. Os levantamentos foram solicitados pela Polícia Federal. A previsão é de que sejam concluídos até o dia 3 de fevereiro. Três auditores da RFB trabalham no caso. O foco dos trabalhos nesse momento visa a identificar todos os moradores da cidade que supostamente teriam se beneficiado de restituições do imposto de renda obtidas de forma ilícita, além dos responsáveis pela elaboração de holerites e de declarações de imposto de renda que possibilitaram o golpe.Agora, os levantamentos se concentram na Prefeitura Municipal de Matias Cardoso. A RFB, através do auditor fiscal Carlos André Silva Ramos, intimou a Prefeitura a fornecer “relação, comprovantes de pagamento, contratos e empenhos de todos os prestadores de serviço pessoa física sem vínculo empregatício, do período de 2006 a 2010” que teriam trabalhado para o município.

A intimação é acompanhada de uma relação que contém 21 nomes: Anderson Ferreira Cardoso, Andrea Corsine Cardoso, Cheila Patrícia de Lima, Emerson F. Cardoso, Francisnete Ferreira da Silva, Genival Serafin de Souza, Gilvan Cardoso Machado, Inácia Olinda dos Santos, José Antônio de L. Neto, José Geraldo Rios, José Rainero Barbosa Melo, Juliana Neres da Silva, Lucimar Olinda dos Santos Araújo, Luiz Mário Cardoso da Silva, Lucinaura Pereira de Oliveira, Márcia Gomes da Silva, Maria Aparecida de Almeida Soares Melo, Ronaldo Donizeti da Silva Sá, Vania de Almeida Soares, Viviane Ferreira Cardoso e Zenilda Pereira dos Santos.

ENTENDA O CASO

De acordo com os levantamentos realizados até agora, o golpe da restituição do imposto de renda em Matias Cardoso teria como personagens centrais Anderson Ferreira Cardoso, funcionário do setor de contabilidade da Prefeitura e Luiz Mário Cardoso da Silva, ex-secretário municipal de Esportes, Lazer e Cultura.
Os dois teriam forjado holerites com valores elevados em seus próprios nomes, bem como no nome de parentes e pessoas carentes de Matias Cardoso, como se elas trabalhassem para a Câmara Municipal e a Prefeitura. Em seguida, faziam as declarações de imposto de renda dos envolvidos. Pouco tempo depois, os beneficiários do esquema recebiam restituições indevidas em diversas agências bancárias do Norte de Minas.

OUTRO GOLPE

A fábrica de fraudes montada dentro da Prefeitura de Matias Cardoso teria operado a todo vapor. O golpe do imposto de renda não seria o único que estaria sendo praticado com holerites falsificados. Pessoas sem renda comprovada suficiente para a contratação de financiamentos bancários, entre eles para a compra de automóveis, também podem ter se beneficiado do esquema.
Funcionários municipais denunciam que alguns colegas de trabalho e mesmo pessoas que não fazem parte do quadro de funcionários da Prefeitura de Matias Cardoso teriam conseguido adquirir automóveis junto a bancos e financeiras fazendo comprovação de renda com holerites falsos.
Pedindo para não ter seus nomes divulgados, com medo de represálias, os denunciantes dizem que geralmente as financeiras só aprovam financiamento de veículo cuja prestação não ultrapasse 30% da renda do interessado.
Porém, pessoas com renda inferior a R$ 1 mil por mês teriam adquirido carros cujo valor das prestações chegam a R$ 800. Os funcionários municipais que teriam se valido do esquema tiveram o valor de seus holerites aumentados. Para outras pessoas que não têm qualquer vínculo com o quadro de servidores municipais, os operadores do esquema de fraudes criavam holerites inteiramente falsos, a fim de que pudessem comprovar renda inexistente.